Sinopse:
Este livro-reportagem de
Lícia Loltran é um convite à desconstrução de estereótipos sobre os
relacionamentos homoafetivos. Há, na sociedade, uma distorção quanto ao
público e o privado dessas relações e uma tendência em limitá-las, apenas, ao
campo do sexo e da intimidade (privado) e não ao da afetividade, da busca
pela felicidade e do respeito à diversidade. De forma humana e sensível,
Lícia Loltran traz para o público leitor histórias de vida que ressaltam a
busca pela felicidade fora dos padrões judaico-cristãos. Essas histórias
também destacam as dificuldades de casais homoafetivos na legalização de suas
uniões, nas adoções e, principalmente, na superação de preconceitos. Mesmo
que o teor militante não se faça presente nos textos, este livro é, na verdade,
uma brilhante iniciativa de humanizar casais de mulheres com filhos que fogem
da heteronormatividade, mas que, para existirem, tiveram de se sujeitar a
leis e à ordem estabelecida. Nesse sentido, o livro tem uma perspectiva
política, pois traz situações decorrentes da própria luta dos casais
homoafetivos, como a superação de barreiras familiares, sociais e
institucionais. Tudo isso sem cansar o leitor, pois cada narrativa está
recheada de detalhes, singularidades que, no conjunto, se tornam plurais. Na
verdade, a leitura de Famílias homoafetivas: a insistência em ser feliz é
mais que um convite à reflexão sobre o sentido de democracia e de respeito à
diversidade em uma sociedade ainda homofóbica.
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Trechinhos:
“Patrícia queria ser
‘casada’ e por isso não quis fazer o contrato de união estável. Então,
decidiu entrar com o pedido de casamento civil. A resposta para o pedido veio
em 13 laudas escritas pelo juiz, que definiu o que era homem e mulher mais de
15 vezes na sentença. Muito magoada com a decisão, Patrícia e Maria recorreram
e, na segunda instância, o casamento foi autorizado após um parecer favorável
do Ministério Público.”
“Assim que chegou, entregou
a filha novamente, dessa vez a uma família de sua cidade natal. Após deixar a
criança na casa, quando Lucrécia estava indo embora, ainda caminhando pela
mesma rua, uma das filhas da mulher que tinha ficado com Bárbara gritou do
portão da casa:
- Mainha disse que não quer
só ela não. Quer você também!”
“O amor entre Lucrécia e
Paula chamava a atenção por sobreviver às inúmeras situações de preconceito.
No decorrer da entrevista, Lucrécia me contou que a história delas tem até
trilha sonora: a canção ‘Metade da metade’, da banda Limão com Mel. Ela
confidenciou que sonha com o dia do casamento, quando ela e Paula cantarão juntas
essa música, escolhida pelo casal como lembrança do seu amor.”
“Carolina guardou todas as
latas de leite que o filho ganhou e anotou no fundo de cada uma a data e o
nome de quem presenteou. No aniversário de um ano de Enzo, as mães decidiram
fazer uma homenagem a todos que lhes ajudaram nos primeiros meses de
maternidade. Como tinham todas as latas datadas e com o nome de quem deu,
elas personalizaram cada uma das latas com a foto de quando a pessoa foi
visitar Enzo.”
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Conclusão:
É um livro que deveria fazer
parte do currículo escolar de todos os adolescentes ao menos como indicação,
senão como leitura obrigatória. O Brasil possui quase 200 mil órfãos de pai e
mãe. Não deveríamos discutir se uma família homoafetiva pode adotar, mas sim
incentivar que esses casais de homens ou mulheres adotem e ao realizarem seu
sonho, também realizem o sonho de um jovem que se encontra em situação igual
de sofrimento e angústia.
A situação não vai mudar tão
cedo. Mas esse livro faz parte de um conjunto de obras imprescindíveis para
entender e ajudar as coisas caminharem sempre na direção correta.
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Autora:
Lícia Loltran
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Livro:
Famílias Homoafetivas
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Editora:
Autêntica
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Ano: 2016
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Páginas: 188
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