Em 2005, o caso Enric Marco
chocou a Espanha. Conhecido por ter lutado contra a ditadura de Franco e ter
sido deportado para um campo de concentração nazista, Marco presidiu durante
anos a Amical de Mauthausen, importante associação de vítimas do Holocausto. Dias antes de uma
cerimônia dos 60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, o historiador Benito
Bermejo revelou que Marco nunca tinha sido prisioneiro do regime nazista. A
história intrigou Javier Cercas, que durante sete anos relutou em escrever
sobre este estranho personagem. Em O
impostor, o escritor relata a vida de um homem que, ao reinventar sua história,
enganou um país.
De acordo com Javier Cercas,
O impostor é um romance sem ficção. O narrador é personagem e o leitor
acompanha sua resistência à ideia de escrever o livro, suas entrevistas com
Enric Marco, a pesquisa e as dúvidas que surgem durante o processo de
escritura. Uma vez que a vida de Enric Marco se revela uma grande invenção,
ao contar a versão do impostor, Cercas dá espaço à ficção em sua busca pela
verdade.
O impostor levanta uma série
de questões sobre a memória, o desejo de celebridade, e a forma como as
pessoas lidam com o passado, individual e coletivo. Cercas explora as
contradições de um homem que se justifica dizendo que alterou a verdade com o
objetivo de não permitir que as pessoas esquecessem os horrores do nazismo,
mas que poderia ter servido a uma causa sem se colocar como uma vítima.
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