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Resenha (81) - O Aprendiz de Assassino


Sinopse:
O jovem Fitz é o filho bastardo do nobre Príncipe Cavalaria e foi criado pelo cocheiro de seu pai, à sombra da corte real. Ele é tratado como um penetra por todos na realeza, com exceção do Rei Sagaz, que faz com que ele seja secretamente treinado na arte do assassinato. Porque nas veias de Fitz corre a mágica do Talento e o conhecimento obscuro de um garoto criado em um estábulo, entre cães, e rejeitado por sua família. Quando assaltantes bárbaros invadem a costa, Fitz está se tornando um homem. Logo ele enfrentará sua primeira missão, perigosa e que despedaçará sua alma. E embora alguns o vejam como uma ameaça ao trono, ele pode ser a chave para a sobrevivência do reino.

Fitz pelos 6 ducados.
George R.R. Martin, o famoso escritor e roteirista da série Game of Thrones afirmou que este livro “é um pequeno diamante em um mar de pequenos brilhantes”. Há muita gente que acha esse senhor um pouco arrogante e estaria inclinado a ignorar seus comentários, como eu, por exemplo, mas ao menos no que diz respeito a Aprendiz de Assassino ele está certo.

Não nos faltam livros, trilogias e sagas de fantasia no mercado. São tantas que quase não dá para acompanhar os lançamentos que infestam as prateleiras e sessões de mais vendidos. Apesar de não os considerar pseudoliteratura como uma parte dos leitores desse país, tenho de admitir que a qualidade destes livros tem caído muito, deixando indícios bem claros de que são histórias comerciais, criadas com o único propósito de vender mais enquanto os ventos continuam soprando em favor do gênero. Acredito ser daí que Martin tirou sua frase de elogio a esse livro pois Aprendiz de Assassino não tem nada de banal, nada do que estamos acostumados e definitivamente foge a regra de ouro dos livros ‘comerciais.’

Majestoso e Veracidade - Tarva-X
Logo no começo percebemos que essa não vai ser uma série qualquer. Que esse livro não segue os padrões da literatura Young Adult que estamos acostumados e que não vamos encontrar os mesmos lugares comuns ou clichês que ditam o ritmo da maioria dos livros do gênero. Aqui os personagens tem vida. A história não gira em torno de probleminhas amorosos ou de como salvar o mundo, ela tem corpo, ela acontece em paralelo, ignorando o protagonista e seu universo, ou seja, ela é escrita como deve ser, criando um mundo, um lugar, um universo próprio onde podemos mergulhar e acompanhar uma aventura que pareça real, que seja verossímil e acima de tudo que não nos ofenda com contradições.

A escrita de Robin Hobb é fluida, porém da sua própria maneira. Há trechos pesados e que cansam um pouco, naturais em histórias que tem muitos detalhes e não encontrei a necessidade da moda que muitos autores têm de privar o leitor da dura realidade da vida. As coisas acontecem e a vida segue, seja para um lado bom, seja para um lado ruim, o que agrada e muito enquanto estamos lendo. Essa sensação de realidade inserida na história prende a leitura e queremos saber mais do que vai acontecer e acima e tudo como vai acontecer. Um universo grande, com muitos personagens, não nos deixa margem para adivinhar o final e isso é muito bom!

O Bobo por John Howe.
Esse é o primeiro livro de uma trilogia, porém é também o primeiro livro de uma série, que lá fora foi denominada ‘The Realm of the Elderlings’. Essa série é composta por varias trilogias dentro do mesmo universo, sendo O Aprendiz de Assassino onde tudo começa. Esse primeiro livro foi escrito em 1995, longe do ‘boom’ de livros de fantasia o que nos da um indicio de porque sua qualidade é considerada superior e é claro, deixou um gostinho de quero mais que só séries longas são capazes de deixar.

Navios Vermelhos.
A história gira em torno de Fitz. Um garoto que é tirado de sua mãe e entregue ao palácio dos seis Ducados pelo seu avô, que não queria mais criar o bastardo do príncipe Cavalaria. Uma coisa que é bem bacana na história é que os personagens, devido a alguns rituais e costumes antigos, têm os nomes de suas personalidades. Isso ajuda e muito a montar o perfil de cada personagem importante antes mesmo de conhece-lo e foi algo bem interessante para a dinâmica da história. O príncipe Cavalaria tem, por exemplo, dois irmãos, um chamado Majestoso e outro chamado Veracidade. Mesmo que eu não entre em detalhes sobre cada um deles você já consegue imaginar que um é dado a futilidades e a imagem, enquanto o outro é integro e verdadeiro em suas ações.

Voltando a linha da história, Fitz é deixado aos cuidados de Bronco, Mestre dos Estábulos de Cavalaria e seu homem de confiança. O jovem garoto jamais viria a conhecer seu pai, que assim que recebe a noticia de que deixou um bastardo neste mundo se isola em terras distantes do reino, para a proteção deste e principalmente de Fitz, que poderia sofrer inúmeras represálias por parte da nobreza caso fosse reconhecido pelo seu pai, que por sinal era casado com uma mulher estéril, o que complicaria ainda mais afinal o bastardo se tornaria sucessor direto ao trono.

Mapa dos Seis Ducados.
Fitz cresce então a margem de sua família e da sociedade. Porém a família real tem o dom de manipular e acessar o Talento, uma espécie de magia no universo criado pela autora que por enquanto vimos apenas como uma forma de comunicação à distância, mas que fica implícito que terá um papel muito maior. O Talento parece ser forte no rapaz que também é designado pelo rei, seu avô, para ser treinado como assassino real por Breu, um bastardo do próprio rei e que sempre foi o responsável pelo serviço sujo deste. Além disso, Fitz também possui a manha, uma forma especial de se comunicar com animais, o que vai lhe causar alguns poucos momentos de alegria como muitos outros de profunda tristeza.

Fitz e Narigudo.
Enquanto acompanhamos a evolução de Ftiz de bastardo esquecido a promissor personagem nas tramas do reino, também acompanhamos o drama dos seis ducados (como se fossem seis reinos unidos pela bandeira do Rei Sagaz e sua família) na luta contra Os Navios  Vermelhos e a forma como eles roubam toda a personalidade das pessoas devolvendo-as as vilas praticamente como zumbis violentos e incontroláveis. A guerra parece iminente, ou melhor, a derrota parece iminente uma vez que o reino é incapaz de controlar e contra-atacar os assaltantes.

São muitos os detalhes que ocorrem na história. É um universo grande onde diversos eventos ocorrem ao mesmo tempo e se eu for comentar demais vou acabar dando spoilers, então me basta dizer que Fitz claramente tem um papel especial, assim como toda a família real e o talento, mas neste primeiro livro é tudo meio que uma introdução a história e poucas linhas evoluem de forma satisfatória, nos obrigando a ler o segundo livro para mais detalhes. Porém tudo que esse primeiro livro revela e nos conta é o suficiente para querermos continuar com a série.


O que mais gostei na história foi a riqueza de detalhes e a profundidade com que a autora nos apresenta o universo do livro e seus personagens. Sem comparações, mas é bom encontrar livros que se importem com isso assim como ocorre em O Senhor dos Anéis e Game of Thrones. Os personagens, todos eles, até mesmo os vilões, também são um bom diferencial.

Achei que a autora podia ter se aprofundado mais no talento. É visível que este é importante para a sequencia da serie, mas terminamos sem saber muito sobre ele, o que é bastante frustrante, principalmente os parcos avanços de Fitz no estudo deste. Também fica mal explicado como os Navios Vermelhos conseguem atacar com tanto sucesso. É uma das poucas coisas que foi meio forçada pois, no mundo real, em um cenário meio medieval, ninguém teria tanto sucesso, nem mesmo se usasse de magia.

Booktrailer criado por fãs.

Trechinhos:
“A minha vida tem sido uma teia de segredos, segredos estes que mesmo agora são perigosos de compartilhar. Deverei colocá-los neste fino papel para fazer deles apenas chamas e cinzas? Talvez.”

“O frio me consumia, e eu tropeçava e escorregava no caminho gelado, mas algo em Bronco me proibia de choramingar ou implorar piedade.”

“Lembro-me de ser acordado do sono pela agitação do cachorro e pela luz amarela de uma lanterna erguida à minha frente. Dois homens inclinavam-se sobre mim, mas, atrás deles, Bronco permanecia imóvel, e não senti nenhum receio.”

“O mar estava frio, a noite era negra e, se eu tivesse alguma noção teria desejado estar em outro lugar, mas há algo num garoto que o faz pegar o mundanamente difícil e desagradável e transformá-lo num desafio pessoal e numa aventura.”

“Não, tem razão. Veracidade não faz a mínima ideia da razão por que você vai. Mas seu rei, sim. Ele e eu conversamos sobre isso. Está pronto para começar a retribuir aquilo que ele fez por você? Está pronto para começar o seu serviço para a família?”

“- Não há muito na cabeça de um homem – disse-me – que não possa ser curado com trabalho e a responsabilidade de cuidara de alguma coisa.”

Robin Hobb
Conclusão:
Depois que terminei o livro descobri como estava carente de uma boa história. Não que eu não goste das que estão fazendo sucesso por ai, sou fã de jogos vorazes e Divergente, mas sentia falta de algo mais completo, uma história com mais corpo, que me obrigasse a pensar sobre a vida dos personagens e sobre como funciona o universo do livro. Desde Game of Thrones não havia lido algo que me desse essa sensação, por isso irei concordar com Martin. O Aprendiz de Assassino é de fato um pequeno diamante em um mar de brilhantes. Esperar para que a série continue brilhando assim até o final.

Autora: Robin Hobb
Livro: O Aprendiz de Assassino (Assassin’s Apprentice)
Editora: Leya (Bantam Spectra)
Ano: 2013 (1995)
Páginas: 416
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