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Lançamentos de Julho da Autêntica

Destaque para o interessantíssimo 'Por Uma História-Mundo' de Patrick Boucheron e Nicolas Delalande.

Por Uma História-Mundo - Patrick Boucheron e Nicolas Delalande
Na era da mundialização, como escrever uma história aberta sobre o mundo, suas trocas, suas circulações e seus encontros? Da crítica do eurocentrismo à história conectada, passando pela história imperial, este livro apresenta algumas das abordagens que deram novo fôlego à escrita da história. Esse projeto, já antigo, conheceu profundas renovações no curso dos últimos anos. Não se trata de substituir a narrativa nacional por aquela de uma marcha inelutável rumo à mundialização contemporânea, e sim de redescobrir os contatos, os atritos e as incompreensões que acompanharam os encontros e os desencontros entre as diversas partes do mundo desde a Idade Média até os dias de hoje. Contra o eurocentrismo e o fechamento nacionalista, é preciso experimentar novas maneiras de pensar e escrever a história.

Oliveira Vianna Entre o Espelho e a Máscara - Giselle Martins Venancio
Lado a lado com a monumentalidade irrecusável dos livros e dos manuscritos, dispostos em formas discursivas e materiais bem conhecidas, a materialidade fragmentária e acidental dos arquivos se impõe, fornecendo muito da matéria a partir da qual se escreve a história.
Nos fragmentos do acervo documental de Oliveira Vianna, Giselle Venancio encontrou máscara e espelho. A máscara é aquela de uma subjetividade que não se pensava irrisória; o espelho, o de um homem público, cujo reflexo deveria, então, superar o seu próprio tempo.
Para que a máscara e o espelho de Vianna se tornassem visíveis, Giselle Venancio procedeu a uma rigorosa arqueologia desses resíduos. No seu modo de classificação, desvendou o código de sentido único, em forma de autobiografia, que lhes fora impresso. Atribuiu, com isso, densidade sociológica e histórica à suposta naturalidade do gesto organizador. Transformou o arquivo em campo de interrogação sobre o controle exercido na construção tensa, sob a força do nome próprio, de uma figura engrandecida de homem público em meio à trivialidade das relações da vida privada.
E o que diz “o morto” na letra morta do arquivo? A resposta a esta velha pergunta encerra, neste livro, um modo singular de história intelectual, que faz com que Oliveira Vianna mostre um rosto no espelho do seu tempo. E, no mesmo movimento, faz com que seja revelada a sua máscara, que nos chega, hoje, como identidade autoral de uma obra lavrada em grandes livros e tramada em pequenos papéis.

Susan Sontag - Entrevista para A Rolling Stone - Jonathan Cott e Susan Contag
Susan Sontag foi escritora, crítica de arte e ativista dos direitos humanos. Em 1978, Jonathan Cott, um dos fundadores da revista Rolling Stone, entrevistou Sontag pela primeira vez em Paris e, posteriormente, em Nova York. Apenas um terço de sua conversa de doze horas foi reproduzido na edição de 4 de outubro de 1979 da Rolling Stone. Mais de três décadas depois, a prestigiosa editora de Yale publica a transcrição completa dessa entrevista memorável, agora traduzida pela Autêntica, acompanhada de um prefácio e das lembranças desse encontro. Aqui estão reunidas sua visão de mundo, sua trajetória, seus embates pela liberdade de expressão, comentando, a fundo, suas obras que influenciaram várias gerações. Instigantes, as perguntas de Jonathan Cott provocaram respostas reveladoras, e o resultado fornece um olhar indispensável àquela que se descrevia como “esteta inebriada” e “moralista obsessiva”.

Lugar de Dúvidas - Renán Silva
Quais e de que natureza são as operações que fazem com que o ofício do historiador não seja uma prática espontânea? Quais as consequências da caracterização do trabalho histórico como fruto apenas da escrita? Se considerarmos autores como Georges Duby, Michel Foucault, Jonathan Spence ou Carlo Ginzburg, cujos livros conjugam um denso trabalho de erudição, formas criativas de emprego da linguagem e um uso pouco convencional da imaginação histórica, torna-se pertinente a divisão entre um campo marcado pelo prazer, pela imaginação e pelo requinte da escrita, como o da ficção, e outro encerrado num insosso “apego positivista ao método, aos fatos e à realidade”?
Essas são interrogações feitas por Renán Silva neste pequeno livro, que, com posicionamentos seguros, enfrenta também outros temas complexos, como a controversa delimitação da história do tempo presente como campo autônomo, o privilégio conferido à violência do século XX como base de leituras catastróficas das histórias latino-americanas e os supostos riscos de instrumentalização da historiografia por análises que, excessivamente centradas na formação de minorias, seriam pouco críticas aos condicionantes do seu próprio discurso.
Num texto breve, mas com profundidade, Renán Silva sugere que a reflexão sobre a própria prática deve ser parte constitutiva do ofício do historiador, nem sempre atento à complexidade das operações que efetua ao colocar em questão interpretações naturalizadas sobre o passado, produzindo um estranhamento em relação à experiência vivida. Trata-se, portanto, de referência relevante a todos aqueles que se interrogam sobre as potencialidades e os limites desta difícil tarefa.

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