A modernidade é em
Baudelaire uma conquista”, eis aqui a definição de Benjamin. Já no primeiro
poema de As flores do mal, Baudelaire convoca o leitor à ruptura da apatia.
Benjamin aponta o método da aventura, a captura do presente, a intenção do
poeta de revidar os atordoantes choques na grande cidade. Para não se tornar
receptor inanimado ou ator automatizado, Baudelaire troca o gabinete pelas
ruas, a duras penas, físicas e espirituais, e transita entre duas instâncias,
flânerie e esgrima. Ao levar a vivência aos âmbitos do coletivo e do
voluntário, imiscui-se no hiato da distribuição entre consciente e
inconsciente. Conjura os perigos da absorção pela profundeza obscura ou da
reflexão pela superfície ofuscante. Antes de o estímulo se queimar como
resposta imediata, a vivência, ou se perder como memória de difícil acesso,
insere poemas, contragolpes, no espaço intervalar. O modus fica em verso:
“tropeçando em palavras como na calçada”. É total exposição ao presente, com
mente e corpo alertas, e plena compreensão de não se tratar de processo
natural: “É essa a natureza da vivência a que Baudelaire atribuiu a
importância de uma experiência. Fixou o preço pelo qual se pode adquirir a
sensação da modernidade: a destruição da aura na vivência do choque.
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