Publicado em FolhaSP
Com vilões caricatos, lances mirabolantes e conspirações por toda parte, a trama que levou ao golpe militar de 1964 tem elementos que parecem feitos por encomenda para uma história em quadrinhos. Mas o assunto é tão controverso que foi preciso esperar meio século até que alguém se arriscasse a usar o formato para lidar com ele.
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O livro começa sua história com o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e percorre a fase tumultuada vivida pela democracia brasileira nos anos seguintes para apontar as origens do movimento que derrubou o presidente João Goulart uma década mais tarde.
Responsável pelo roteiro e pelo texto dos quadrinhos, Pilagallo seguiu de perto a literatura existente sobre o tema, resumindo os acontecimentos que antecederam a queda de Jango e as fases mais marcantes do regime autoritário que manteve os generais no poder por 20 anos.
“Procurei evitar julgamentos que não têm mais sentido, passado meio século”, afirma Pilagallo, 59, que tinha nove anos de idade quando os militares tomaram o poder e só começou a se interessar por política muito tempo depois.
O jornalista se preocupou com equilíbrio e fidelidade histórica, mas deu a Rocha bastante liberdade para ilustrar sua narrativa. Rocha, 44, assistiu a documentários sobre o período e pesquisou imagens de época para retratar os personagens centrais e os principais episódios. Nos casos em que não encontrou referências ou achou que assim podia expressar melhor o que Pilagallo queria contar, ele recorreu à própria imaginação.
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Rocha desenhou-o com trajes gaúchos tradicionais e empunhando uma espada à frente de um exército de seguidores.
O cartunista foi generoso com Jango, que ganhou feições mais elegantes do que as usadas pelos chargistas dos anos 60, e mordaz com militares, retratados com traços grotescos.
“Fiz os comunistas bonitos e os milicos bem feios mesmo”, diz Rocha, que é filho de uma professora de história aposentada e nasceu quando a ditadura entrava em sua etapa mais violenta. “Toda história é uma versão de fatos e documentos, e sempre entra um pouco de ficção nisso também.” (Ricardo Balthazar, da Folhapress)
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