E se você pudesse mudar as escolhas da sua vida?
E se ao nascer de novo, refazendo sua trajetória, pudesse mudar o destino de
outras pessoas e até o curso da história? É esse fascinante jogo com o tempo
que permeia a narrativa de Ursula, a personagem principal de O fio da vida,
livro da escritora britânica Kate Atkinson. Na trama, Ursula, que nasce em
1910, parece viver em um eterno déjà-vu. Às vezes, sabe o que alguém vai
dizer antecipadamente. Ou prevê um incidente banal que vai acontecer. Fica
confusa entre o que é real ou não.
Sua família vive no interior da Inglaterra. Uma
das criadas acha que Ursula tem um sexto sentido. A tia a considera uma
pequena vidente. A mãe chega a dizer que Ursula é uma estranha no ninho. E o
psiquiatra, dr. Kellet, comenta sobre reencarnação quando ela tem dez anos.
Ele explica que seu cérebro pode ter uma pequena imperfeição, que a leva a
pensar que esteja repetindo experiências, morrendo e renascendo, apesar de
isso não ser verdade.
A autora Kate Atkinson narra os destinos de
Ursula – todo o contexto se passa entre 1910 e 1945, abarcando os dramas das
duas guerras mundiais – e desenha novas perspectivas a partir de um mesmo
fato. E se ele tivesse acontecido de outra maneira, qual seria o seu fim?
O relacionamento, nem sempre muito cristalino,
entre os integrantes da família Todd, as criadas e os jardineiros, é muitas
vezes pontuado por mortes, que nem sempre são esclarecidas. E é assim, com
uma morte, a do futuro líder nazista, que Kate Atkinson nos apresenta Ursula
e começa a jornada de sua personagem: ela saca da bolsa o velho revólver de
seu pai, um movimento ensaiado uma centena de vezes, e dá um tiro, bem na
altura do coração de Hitler. Cai a escuridão. Tudo recomeça?
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