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A São Paulo de Menotti del Picchia

Arquitetura, arte e cidade nas crônicas de um modernista

As transformações que aconteceram em São Paulo nos anos 1920 foram retratadas nas crônicas de um importante jornal paulista e escritas por uma figura característica e singular do período, o escritor Menotti del Picchia. Suas crônicas estavam presentes diariamente no Correio Paulistano, um dos mais lidos da época. É esta personalidade que a arquiteta e pesquisadora Ana Veiga de Castro usa como vertente de seus estudos. A partir do ponto de vista de Menotti, a autora busca compor um panorama dos diversos mundos, de uma São Paulo começa a tornar-se metrópole.

Este trabalho está inserido em um campo multidisciplinar de pesquisa sobre o modernismo e a modernização brasileira, que engloba arquitetura, arte, literatura e história. Menotti del Picchia é até hoje um escritor pouco estudo e muito mal visto pela pesquisa acadêmica brasileira. O cronista estave ligado ao Partido Republicano Paulista e suas crônicas foram publicadas no jornal porta-voz da oligarquia cafeeira. Mas Menotti foi além e acabou por se ligar politicamente a um grupo fascista. Ana Castro tem o cuidado das boas pesquisadoras e, entendendo o complicado momento que vivia a cidade e o mundo no período, resgata as crônicas de Menotti e sua relação com a urbanização de São Paulo.

Desta forma, o livro cria uma relação com aqueles que pretendem apreender a cidade sob o prisma amplo das representações, pontos de vista e idéias construídas. O que acaba por contribuir para uma história intelectual de São Paulo. A São Paulo de Menotti del Picchia é organizado com o objetivo de fazer o leitor compreender como Menotti via, sentia e escrevia sobre sua cidade. As crônicas são capazes de revelar relações: do autor e seus vários mundos, de uma cidade de contradições e ambivalências, fissuras e descompassos. Além de relacionar a arquitetura da modernidade paulistana com as questões éticas oriundas da imigração nos conturbados anos 1920.

Sobre o autor: Ana Claudia Veiga de Castro é arquiteta e urbanista formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). É mestre pela mesma instituição e professora de História da Cidade na Escola da Cidade.


Quem foi Menotti del Picchia: Filho dos imigrantes italianos Luigi Del Picchia e Corinna Del Corso, com cinco anos de idade mudou-se para a cidade de Itapira, interior de São Paulo, onde foi aluno de Jacomo Stávale. Fez seus estudos ginasiais no Colégio São José, em Pouso Alegre, Minas Gerais. Bacharelado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, formado em 1913. Nesse ano publicou Poemas do Vício e da Virtude, seu primeiro livro de poesias. Na cidade de Itapira foi agricultor e advogado militar; lá criou o jornal político O Grito e escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato. Colaborou em vários jornais, entre os quais Correio Paulistano, Jornal do Comércio e Diário da Noite. Em 1924 criou, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, o Movimento Verdamarelo, de tendência nacionalista. Publicou vários romances, entre eles Flama e Argila, O Homem e a Morte, Republica 3000 e Salomé, além de livros de ensaios e de crônicas.

Foi membro do Partido Republicano Paulista durante a República Velha, participou da Revolução de 1932 como ajudante de ordens do governador Pedro de Toledo. Escreveu um livro sobre a revolução de 1932, chamado A Revolução paulista.
Exerceu vários cargos públicos. Foi o primeiro diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado de São Paulo; deputado estadual em duas legislaturas, membro da constituinte do Estado de São Paulo e deputado federal pelo Estado de São Paulo em três legislaturas.

Foi diretor de A Noite e A Cigarra, entre 1920 e 1940, além de diversos outros jornais e revistas. Com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros jovens artistas e escritores paulistas, participou da Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo. Foi um dos mais combativos militantes da estética modernista.
Em 1937 foi diretor do Grupo Anta, com Cassiano Ricardo, e diretor do Movimento Cultural Nacionalista Bandeira, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho. Em 1943, foi eleito para a cadeira 28 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido suas principais obras Juca Mulato (1917) e Salomé (1940). Um livro seu de elevada popularidade é Máscaras (1920), pela sua nota lírica.
Presidiu a Associação dos Escritores Brasileiros, seção de São Paulo. Foi agraciado com o título de "Intelectual do Ano", em 1968, e aclamado "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1982.
Em 1960, recebeu o Prêmio Jabuti de poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Destacam-se em sua obra poética os livros Juca Mulato (1917), Máscaras (1920), A Angústia de D. João (1922) e O Amor de Dulcinéia (1931). A poesia de Menotti del Picchia vincula-se à primeira geração do Modernismo. Em 1984, recebeu o Prêmio Moinho Santista - Categoria Poesia.
Morreu em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1988. Seu corpo foi velado na Academia Paulista de Letras, da qual também era membro, e sepultado no Cemitério São Paulo. Em sua homenagem, foram fundados na cidade de Itapira o Parque Juca Mulato e a Casa Menotti Del Picchia (24 de março de 1983) onde podem ser vistos objetos e livros que pertenciam ao autor.



Fonte: Wikipédia.

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