Sinopse:
Ela é doce, sensível e
extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher
marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de
quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a
mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e
altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de
um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e
só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por
trás daqueles intensos olhos verdes.
Eles são irmão e irmã.
Com extrema sutileza
psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e
diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente
humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um
assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.
|
A história fala de uma família
de cinco crianças e/ou jovens que são criados pela mãe alcoólatra após o
abandono total do pai deles quando ainda eram muito jovens. Acompanhamos por
mais da metade do livro o drama dos dois irmãos mais velhos, Lochan e Maya,
que fazem o que podem para cuidar dos três irmãos mais jovens, sendo duas
crianças pequenas em idade pré-escolar e um pré-adolescente na pior fase
possível de rebeldia. A trama se desenrola pela visão de cada um dos mais
velhos, em capítulos intercalados entre Lochan e Maya.
É emocionante o carinho e a
dedicação com que todos eles se cuidam e a forma como os dois mais velhos se
entregam para tentar dar um lar para eles, mesmo que seja um lar destruído e
suspenso por um fio bem fininho com as ausências sempre sentidas dos pais que
cometeram um duplo abandono, afinal a mãe aos poucos abre mão da criação dos
filhos se dedicando ao novo namorado.
Lochan é um verdadeiro prodígio
na escola. Sua dificuldade em se comunicar e suas crises de pânico o levaram
a se dedicar cada vez mais aos estudos, deixando-o também cada vez mais
isolado do mundo e preso a sua casa e sua família. Maya, ao contrário do
irmão, não tem dificuldades em fazer amizades ou em levar uma vida social
normal, mas se sente tão responsável quanto o irmão mais velho por cuidar da
casa e dos irmãos pequenos. Os dois juntos fazem exatamente o papel de pai e
mãe, até que esse papel de repente deixa de ser somente uma representação e
eles começam a se verem como um casal de verdade, como homem e mulher e não
mais como irmãos.
|
A história é ótima. Achei fantástica
a forma como a autora abordou tudo, como se aprofundou nos personagens e em
suas motivações e nos problemas familiares que propôs par ao tema. Os
questionamentos maduros dos irmãos, sua relação e a forma como ela evolui,
sem poupar o leitor com tarjas pretas de censura inútil, abordando a sexualidade
e os conflitos juvenis de forma sincera e clara. A construção dos personagens
e o desenrolar da trama proposta foram as coisas que mais me agradaram, assim
como a realidade para este tipo de romance, muito mais próxima do medo e da
desilusão do que de um conto de fadas.
|
Duas coisas me deixaram
desanimado neste livro. A primeira é o personagem Lochan, que como ele mesmo
se define, é uma pessoa quebrada. Sofre de diversos distúrbios psicológicos e
isso por vezes até muda o foco do tema central do livro. Suas passagens são
maçantes e ele tem momentos de total infantilidade ou egoísmo, difíceis de
engolir mesmo com toda a situação de sua família.
Outro ponto que me
desagradou foi a sugestão de que o relacionamento incestuoso nasce somente em
um lar perturbado e destruído. Os protagonistas se perguntam se seu amor não
é fruto de suas vidas danificadas e do abandono dos pais, mas a pergunta fica
sem resposta. Não sei se era a intenção da autora nós mesmos nos fazermos
essa pergunta, mas a respostas, por se tratar de um tema tão complexo e
obscuro, vai ser a mesma que é hoje em dia. “Sim! Essa relação ocorre somente
por pessoas que possuem distúrbios. É um desvio comportamental.” Eu esperava
mais, mais detalhes, mais pesquisa e talvez um casal menos problemático e que
fosse capaz de lançar uma nova luz sobre o tema. Nisso acredito que a Tabitha
falhou.
|
Trechinhos:
“Nada mudou. As pessoas
ainda são as mesmas – rostos vazios, sorrisos desdenhosos. Olho para além
delas quando entro na sala de aula e elas olham para além de mim, através de
mim. Estou aqui mas não estou aqui. Os professores me dão presente na chamada
mas ninguém me vê, pois há muito me
aperfeiçoei na arte de ser invisível.”
“Maya e Francie estão
paradas perto da caixa de correio no fim da rua, falando pelos cotovelos,
seus olhos observando a multidão de passantes. Preciso de toda a força de
vontade do mundo para me impedir de dar meia-volta, mas a expressão de
expectativa no rosto de Maya me força a seguir em frente.”
“De repente a ideia de
alguém vê-lo assim, tão perto, tão exposto, me parece insuportável. E se o
magoarem, e se lhe derem um fora? Não quero que ele se apaixone por alguma
menina – quero que fique aqui, amando a gente. Amando a mim.”
“Mas sei que é ridículo,
absurdo demais até pensar nisso. Nós não somos assim. Não somos doentios. Somos
apenas um irmão e uma irmã que por acaso também são os melhores amigos um do
outro. É assim que sempre foi entre nós dois. Não posso perder isso ou não
vou sobreviver”
“E também o mais importante
de tudo – sussurro. O canto de sua boca se curva. – E o que é? Ainda
sorrindo, pisco depressa. – Nós ainda podemos nos amar. – Engulo em seco para
aliviar o aperto na garganta. – Não há leis nem limites para sentimentos. Nós
podemos nos amar tanto e tão profundamente quanto quisermos. E ninguém, Maya,
ninguém vai poder jamais tirar isso de nós.”
|
Conclusão:
Depois que passa o
estranhamento inicial sobre a relação deles e você começa a se entender com
os personagens, o sentimento de empatia vem naturalmente e a história começa
a fluir em um ritmo bom e agradável. Foi uma experiência especial ler este
livro, aprender sobre um mundo quase secreto, e abrir um pouco mais a mente
sobre os problemas humanos. Isso sem contar o final. Fazia tempo que não me
emocionava tanto no final de um livro.
|
Autor: Tabitha
Suzuma
|
http://www.tabithasuzuma.com/
|
Livro: Proibido (Forbidden)
|
Editora:
Valentina (Simon & Schuster)
|
http://www.editoravalentina.com.br/
|
http://books.simonandschuster.com/
|
Ano: 2014
(2012)
|
Páginas: 304
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui comentários, criticas, elogios e sugestões!!! Indique novas opções de leitura para o Blog!!! Compartilhe!!!